
* Um pouco de pessimismo faz bem. Portanto, não pegue a mala da sua amiga querida emprestada. As chances de alguma companhia aérea quebrá-la é considerável;
* Mais um bocadinho de pessimismo também não faz mal a ninguém. Portanto, se você já fez a besteira de pegar a mala da sua amiga querida emprestada (que agora você já sabe, certamente será detonada em algum momento crucial da viagem), pelo menos tenha o bom senso de levar pouca bagagem. Assim você não corre o risco de ficar perdida no meio de alguma cidade estranha, cercada de pessoas estranhas e que falam uma língua estranha, com uma "parceira" de 32kg sem rodinhas (em outras palavras, se não for ter consideração pela amiga, pelo menos tenha piedade de si mesma);
* Não ache que só porque o acesso à educação nos deslumbrantes países de primeiro mundo é irrestrito que as pessoas recebem uma boa educação em casa e são gentis umas com as outras. Portanto, se estiver na Europa, não estranhe se um francês simplesmente fingir que não é com ele quando você fizer uma pergunta simples, ou um italiano der uma risadinha maliciosa quando você disser que é brasileira;
* Não caia na besteira de achar que o inglês é o esperanto do mundo globalizado. Não, ele não vai ser muito útil em países mais conservadores (como Itália, por exemplo), e ainda queimará seu filme em locais como a França (prepare-se para ser ignorado, na
melhor das hipóteses, ou mal-tratado, na pior, quando pronunciar a frase
please, can you help me?);
* Não fique mal acostumada com a organização e eficiência dos países de primeiro mundo. Quando voltar ao Brasil, releve a fila de uma hora para conseguir chegar até a esteira onde está a sua bagagem, medite na de três para conseguir passar pela Polícia Federal antes de partir para o abraço de quem ansiosamente te espera e ore pela alma do metido a espertalhão que furou a fila e entrou na sua frente. Lembre-se: apesar de tantas injustiças, tantas desigualdades e tantas sacanagens, você teve a sorte de nascer em um país tropical, abençoado por Deus, bonito por natureza e o que é melhor: com um povo de primeira, sorridente e acolhedor como poucos.
(Sim, voltei, voltei, e apesar de ter vivido dias maravilhosos e absolutamente inesquecíveis, estava morrendo de saudades do Brasil. E do arroz-com-feijão. E do
Garotas de Segunda. E de vocês. Histórias não faltam; vou contando aos pouquinhos. Dia após dia, enquanto minha parceira descansa durante suas merecidas férias. Amanhã tem mais! Até já!).