quinta-feira, 15 de maio de 2008

Lost in translation (on the divan)


Que sou eu sem as palavras? Nada. Hoje acordei pensando sobre a importância da linguagem; de uma comunicação de primeira. Porque ontem vivi algo diferente: fui sozinha a um jantar com um casal extremamente simpático e amável, mas que não falava uma palavra sequer em português. Meu inglês ‘is getting better all the time’, visto que tenho praticado todos os dias, já há alguns meses, mas confesso que me sinto como uma criança pequena e desprotegida quando me pego incapaz de explicar ou expressar algo que estou sentindo, ou pensando. Perco o chão. Porque a realidade é uma só: é preciso tempo, e tempo considerável, pra se obter um vocabulário vasto, que permita conversas mais profundas. E para uma psicóloga-de-botequim de segunda como eu, por exemplo, é a morte não conseguir discutir sobre temas complexos e existenciais, ainda mais quando uma das partes envolvidas na conversa – no caso, o homem desse doce casal – é nada mais, nada menos do que um renomadíssimo psicanalista. Em diversos momentos, me senti ignorante, como se estivesse dizendo “nóis vai, nóis vorta”, assassinando o inglês – e justo eu, que tanto tenho carinho pelas palavras! Que tanto penso para escolher cada termo, cada expressão na hora de escrever ou mesmo de falar na minha língua materna! Depois dessa experiência, concluí que o orgulho definitivamente não cabe quando nos aventuramos por outros idiomas e culturas. É preciso muita humildade e – por que não? – uma boa dose de senso de humor. Porque gafes como “the guy was inside me”, quando você quer dizer que o cara estava do seu lado, ou seja, BESIDE YOU, são, no mínimo, hilárias. Anyway, ambos devem ter dado boas gargalhadas depois do jantar. Eu também dei, sozinha, na cama.

3 comentários:

Gislaine Marques disse...

É isso aí, Paloma. Feliz de quem sabe rir de si. É um aprendizado, mas é bom demais quando a gente aprende e passa a viver tudo de um jeito mais leve. ;-)

ALOBONDER disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ALOBONDER disse...

Guardada à crítica,o xenofobismo e o ufanismo tambem; retalio como essa garota de segunda tão de primeira faz passar por colonizado até o complexo de electra!
Uai:-Só pode filosofar em alemão?